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Saúde mental nas empresas: investimento estratégico com base em dados contemporâneos

06.11.2025
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A saúde mental deixou de ser apenas discussão de artigos acadêmicos; no Brasil, ela já é pauta regulatória, previdenciária e empresarial — com consequências profundas para produtividade, absenteísmo, custos públicos e qualidade de vida. As atualizações recentes da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) e os recordes de afastamentos por transtornos mentais são sinais claros de que empresas que ignoram esse tema o fazem sob seu próprio risco.

NR-1 e riscos psicossociais: o que muda

Em agosto de 2024, foi publicada a Portaria que atualizou a NR-1, norma que regula a gestão de riscos ocupacionais em segurança e saúde no trabalho. A grande novidade: a partir de 26 de maio de 2025, as empresas serão obrigadas a identificar, avaliar e gerir riscos psicossociais — como carga mental excessiva, jornadas abusivas, assédio moral, estresse crônico — como parte do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). 

Esse marco coloca a saúde mental no mesmo patamar legal de riscos físicos, químicos e biológicos: será dever formal do empregador não apenas evitar acidentes, mas também cuidar dos aspectos que atingem a psique do trabalhador. A norma tem prazo para vigência plena a partir de maio de 2026, dando período de ajuste, mas sem liberar irresponsabilidades éticas ou morais.

Afastamentos na previdência: os números que assustam

Os dados do Ministério da Previdência Social confirmam que a saúde mental já é uma das principais causas de afastamento no país. Em 2024, foram emitidas 472.328 licenças médicas por transtornos mentais e comportamentais, um aumento de cerca de 68% em relação a 2023. 

Transtornos de ansiedade (141.414 casos), episódios depressivos (113.604), depressão recorrente (52.627) e reações ao estresse severo são algumas das causas mais comuns. Esses números reforçam que não se trata de fenômeno isolado nem passageiro, mas de tendência crescente que afeta diretamente a força de trabalho. Além disso, benefícios previdenciários por incapacidade temporária relacionados a transtornos mentais dobraram na última década, evidenciando não apenas o crescimento de casos, mas também a duração e gravidade implicadas.

Impactos empresariais: produtividade, custos e clima organizacional

Os reflexos desses dados são sentidos nas empresas de várias maneiras:

  • Produtividade reduzida: colaboradores com ansiedade, depressão ou sobrecarga mental tendem a apresentar mais faltas, menor foco e queda de rendimento.

  • Elevados custos de seguro social e encargos previdenciários — mais licenças demandam pagamento de benefícios e maior rotatividade.

  • Turnover e absenteísmo presente (“estar presente, mas ineficiente”) crescem, o que desgasta equipes e gera impacto sobre liderança e cultura.

  • Risco reputacional: empresas que negligenciam a saúde mental se expõem como ambientes tóxicos, o que afeta atração e retenção de talentos.

Prevenção é estratégico

Com a NR-1 atualizada, as empresas têm oportunidade — e obrigação — de agir preventivamente. Algumas práticas úteis:

  • Avaliação regular de riscos psicossociais, com instrumentos confiáveis e envolvimento dos colaboradores.

  • Treinamentos para lideranças sobre inteligência emocional, comunicação, gestão de conflito.

  • Acesso a programas de apoio psicológico, de bem-estar, pausas adequadas, flexibilização quando possível.

  • Monitoramento dos indicadores de saúde mental: taxas de absenteísmo, licenças, clima organizacional.

Considerações finais

Investir em saúde mental no ambiente de trabalho já não é agir por empatia apenas, mas por necessidade legal, econômica e humana. A NR-1 coloca formalmente os riscos psicossociais como responsabilidade das empresas; os dados de afastamentos mostram que ignorar essa dimensão custa caro; e a competitividade atual exige ambientes de trabalho saudáveis.

Empresas que adotarem políticas sérias de saúde mental, que respeitam o bem-estar psicológico, não somente cumprem normas, mas ganham em produtividade, clima interno, retenção de talentos e responsabilidade social. Para psicólogos, gestores de RH e estudantes da área, essa discussão é essencial: saber identificar, intervir e acompanhar é parte da formação e da prática profissional contemporânea.

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Área Organizacional
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